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  1992 – Olimpíada de Barcelona

Um rei para Barcelona e dois ouros para o Brasil
JONES LOPES DA SILVA

Por duas semanas entre julho e agosto de 1992 a Espanha desviou os olhos das arenas das touradas, dos estádios de futebol e de seus quadros renascentistas e cubistas ou surrealistas e promoveu uma das mais graciosas olimpíadas da história. Concorreu para isto uma Barcelona acolhedora o bastante para recepcionar quase 10 mil atletas. Quase mesmo: 9.959 competidores. E quase US$ 10 bilhões investidos em instalações. Sob o rufar de 80 tambores e trompetes e o vozeirão do tenor Plácido Domingo, o monarca Juan Carlos entrou no Estádio Montjuic, na Catalunha, então bastante tranqüilizado.
Até momentos antes o grande problema da organização era saber como conciliar a apresentação das novas nações que haviam eclodido no Leste Europeu no ano anterior. Como colocar sob mesma bandeira a Rússia da Estônia, da Letônia e da Lituânia se àquela altura não existia mais a União Soviética? A solução foi emprestar a bandeira do Comitê Olímpico Internacional (COI) para cada delegação desgarrada. O mesmo valeu para os sérvios e macedônios da ex-Iugoslávia. A nova Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que abrangia a Rússia e outros 12 Estados, como Armênia, Geórgia, Casaquistão e Ucrânia, competiram com a demoninação de Equipe Unificada, e a Alemanha derrubou o muro voltando a ser uma só nação. E então o que era impasse virou congraçamento, e o rei pôde suspirar sossegado, embora não tenha vibrado com o desempenho de seu filho, o príncipe Felipe de Bourbon, na competição de vela, classe Soling. Ficou em sexto lugar.
Não foram, aliás, Jogos repletos de recordes. Houve apenas 11 mundiais e 26 olímpicos, quase a metade da média das outras edições. Os Jogos do mascote Cobi foram de surpresas, sim. O Dream Team americano de basquete finalmente foi recebido numa olimpíada, finalmente aceitaram pôr os pés fora da milionária NBA. Magic Johnson, Michael Jordan, Pat Ewing, Scott Pippen, Karl Malone e Charlie Barkley marcaram incríveis 938 pontos e se permitiram sofrer 588. É verdade que os Estados Unidos vinham de uma derrota para a finada União Soviética na Olimpíada de Seul, mas não tiveram chance de se vingar.
O judoca Rogério Sampaio, em quem pouca gente apostava, conquistou entrou para o time das surpresas de ouro. Poucas novidades, porém, foram maiores do que a dos marmanjos do vôlei brasileiro. Marcelo Negrão, Giovane, Paulão, Maurício, Douglas, Carlão e Tande e o técnico José Roberto Guimarães derrubaram todos os adversários. Perderam um único set para os americanos e, na final, humilharam os holandeses. O Brasil que assistia ao vôlei masculino pela TV também foi surpreendido. Na platéia do ginásio, o país flagrou Miguel Orofino, engenheiro então acusado do desvio de verba da constração da ponte que liga o continente a Florianópolis. Orofino torcia ardorosamente pelo time que, afinal, ganhou o ouro.

  Quadro de medalhas

Colocação
País     
Rússia e CEI
45
38
29
EUA
37
34
37
Alemanha
33
21
28
China
16
22
16
Cuba
14
6
11
25º
BRASIL
2
1
0